20090811

cada instante em cada instante


Diário
23 de Outubro
8:55
agora vivo os dias felizes
sou uma árvore no teu caminho
guardo o teu abraço na minha memória milenar
9:20
agora conhece os dias da paixão
ignora as definições
vive cada instante em cada instante
não penses, sente
/ só assim agarras o momento
9:42
ontem disseste-me que seria um velhinho
com a sua bengala
encantando outras velhinhas
num mundo de onde já tinhas desaparecido
na altura certa
/ fiquei triste
9:45
gosto de escrever poemas infantis
usar linguagem simples
amar-te
11:56
adormeci agarrado a almofada
eras tu dentro de mim
/ com a tua voz, o teu silêncio
17:48
gostava de desistir das palavras
fruir apenas o sabor da tua voz
/ do teu silêncio
Diário
24 de Outubro
10:00
amar-te devagarinho
junto ao sul
junto ao sol
11:30
apareci no teu sonho
nunca te pedirei mais do que me podes dar, disse
/ serenaste tranquila


Carlos César Pacheco, 23 e 24 de Outubro de 2008

2 comentários:

Mar de Bem disse...

...é assim, devagar...que se frui...a palavra, o gesto...o entretecer de emoções...

E assim é que é, minha gente... É assim que consola!!!

Emanuel Azevedo disse...

Lindas palavras,
cheias de significado,
belamente expressas,
por um apaixonado.

Parabéns pelo teu trabalho.

Palavras nos meus poemas:

A minha foto
[autobiografia]


gosto principalmente de não fazer nada, assim deitado de costas, aguardo que as nuvens formem letras por cima da minha cabeça (cavalos, não! - se formarem cavalos, fico logo irritado, mesmo que chova em seguida); aprecio principalmente os textos ritmados , e se se trata de poesia, o soneto; quanto ao conteúdo, que esconda sob a singeleza aprofundada reflexão; e a música, a composição dos elementos para instrumentos naturais, que seja harmoniosa e com conteúdo formal; em suma, aprecio boa música e boa literatura (nada de modernices); também gosto de melancia.

Nota: todos os textos neste espaço estão registados no IGAC, mas podem ser livremente copiados, desde que me mencionem como autor, tenham o link http://forteondaserena.blogspot.com/ e reproduzam esta nota, sem alterações.
.
[biografia]

Não (se ?) sabe se nasceu. Segundo o pai: “nunca há-de ir a lado nenhum”. Não frequentou a escola de Belas-Artes. Frequentou, sem êxito perceptível, a faculdade de ciências. Segundo alguns familiares: “é egoísta e só pensa em si próprio”. ...linguagem... ...conceptual... ...som... (...de que é a forma do espaço agarrado por uma mão aberta...) Em Agosto de 1992, vestiu-se, comprou um jornal, leu diversos anúncios. Segundo o pai: “ainda não sabe o que anda aqui a fazer”. Não conheceu Feldman, Scelsi ou Nono. É quase cego, gastando por isso muito tempo a olhar. Diz frequentemente: «século xx», «trinta e cinco mil anos», «dezasseis mil milhões de anos». Não faz nada.

Não assistiu à conferência “A arte como modo de conhe­cimento” de Jacob Bronowsky nas A. W. Mellon Lectures in Fine Arts em 1969, na National Gallery of Art de Washington D. C.; Segundo o pai, "vai morrer a fome pois não gosta de trabalhar”. Não se sabe onde estava, em Maio de 1833; Apesar de gostar de estar sentado, gosta muito de andar de comboio; “Consciência” — conceito fundamental; Escreve e fala fluentemente português; Em 1997 viu uma árvore; Desenvolveu um sistema que lhe permite estar vivo sem que o pareça; Gosta de estar parado; Não gosta de dormir; Gosta de fazer.
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ao mar

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