20080913

mergulhando nu nas árvores por entre os ramos


1. pela paisagem ao rubro

caindo pela paisagem com os braços abertos
rebolando-me na erva, correndo
gritando com os pulmões em pleno ar
caindo e ferindo-me
espalhando pela planície estonteada
o olhar vítreo e dançante
conjugado com todos os elementos
mergulhando nu nas árvores por entre os ramos
debatendo-me contra a corrente e afundando-me
não foi em ti que me lês, que eu pensei
/ por muito solitário que te encontres



2. dentro das orelhas

caindo pelo teu peito dentro
com a cabeça decepada de olhos abertos
e com ternura contraindo-se
espasmodicamente os lábios perfurados
expondo à semelhança de cascas de ovo
/ ou como se houvesse café



3. evocação

erguendo o rosto precipitado pelo pranto
envolto nos seus cabelos ao contrário pela escada
/ em direcção ao mar


Carlos César Pacheco, 1988

5 comentários:

Maria Clarinda disse...

Muito bonito este teu poema!!!!
Jinhos

* hemisfério norte disse...

...ergo

..
o rosto
e

ad miro o teu poema
.......
queria q fosse meu
.........
pelo pranto
pela paisagem...
.........
um dia escreverei
assim
.........
bjs
a.

Delfim Peixoto disse...

Vim ler e gostei...
Abraço

Vivian disse...

...obrigada por me deixar entrar aqui...saio extasiada, e deixo muahhhhs

Anónimo disse...

Olá... recebi um email com um de seus poemas e o link de seu blog e por isso passei aqui para conferir, e desde já adianto que fiquei maravilhada com tamanho bom uso das palavras.

Parabéns!

=)

Palavras nos meus poemas:

A minha foto
[autobiografia]


gosto principalmente de não fazer nada, assim deitado de costas, aguardo que as nuvens formem letras por cima da minha cabeça (cavalos, não! - se formarem cavalos, fico logo irritado, mesmo que chova em seguida); aprecio principalmente os textos ritmados , e se se trata de poesia, o soneto; quanto ao conteúdo, que esconda sob a singeleza aprofundada reflexão; e a música, a composição dos elementos para instrumentos naturais, que seja harmoniosa e com conteúdo formal; em suma, aprecio boa música e boa literatura (nada de modernices); também gosto de melancia.

Nota: todos os textos neste espaço estão registados no IGAC, mas podem ser livremente copiados, desde que me mencionem como autor, tenham o link http://forteondaserena.blogspot.com/ e reproduzam esta nota, sem alterações.
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[biografia]

Não (se ?) sabe se nasceu. Segundo o pai: “nunca há-de ir a lado nenhum”. Não frequentou a escola de Belas-Artes. Frequentou, sem êxito perceptível, a faculdade de ciências. Segundo alguns familiares: “é egoísta e só pensa em si próprio”. ...linguagem... ...conceptual... ...som... (...de que é a forma do espaço agarrado por uma mão aberta...) Em Agosto de 1992, vestiu-se, comprou um jornal, leu diversos anúncios. Segundo o pai: “ainda não sabe o que anda aqui a fazer”. Não conheceu Feldman, Scelsi ou Nono. É quase cego, gastando por isso muito tempo a olhar. Diz frequentemente: «século xx», «trinta e cinco mil anos», «dezasseis mil milhões de anos». Não faz nada.

Não assistiu à conferência “A arte como modo de conhe­cimento” de Jacob Bronowsky nas A. W. Mellon Lectures in Fine Arts em 1969, na National Gallery of Art de Washington D. C.; Segundo o pai, "vai morrer a fome pois não gosta de trabalhar”. Não se sabe onde estava, em Maio de 1833; Apesar de gostar de estar sentado, gosta muito de andar de comboio; “Consciência” — conceito fundamental; Escreve e fala fluentemente português; Em 1997 viu uma árvore; Desenvolveu um sistema que lhe permite estar vivo sem que o pareça; Gosta de estar parado; Não gosta de dormir; Gosta de fazer.
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ao mar

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