um8
poder escrever qualquer coisa
rir-me até os meus olhos desaparecerem na água
adormecer quando estivesse cansado
— mas não me fecho
quando estou quase morto
acordo
dois8
acabar eu
lembrava-me um muro à volta
esquecer-me
três8
não ter
corria agito os braços
sentado
quatro8
amar-te-ia
depois de estás deitada
olhava
cinco8
depois
era monótono sempre à volta
o dia claro
gatinhava até não-sei-o-quê
, arranco da boca
um e outro
seis8
era também
a doçura dos teus olhos,
e havia também
(e)s(t)ão
podres na minha língua
sete8
tinha
as mãos frutos secos
apodreciam
sou
oito8
franzi ligeiramente a testa
doem-me os olhos
um dedo coça o pé
os cães
ladram enquanto eu corria lembro-me
estou
sem mais
nove8
posso dormir
(uma árvore no meio da praça uma árvore aberta em
chumbo)
dez8
sou
energia pleno vivo
zero
onze8
corrias até
vinham não se sabe como
põe-se ao lado
de onde tu
ela
és
doze8
aqui deitado
és
queria os teus ossos ao lado da poeira
treze8
rasgar a pele
abro a carne
no
além
da
carne
vi os ossos
com os gestos
todos
febril
narração8
houve a água
houve a areia
houve o cimento
houve o tijolo
estou aqui
quinze8
estás aqui
lembrei-me o teu peito
grande
e os braços à volta
nuvens
firmes
em mim
Carlos César Pacheco, 27 de Setembro de 1995, 0h30-1h40
20080802
oito
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1995
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5 comentários:
Afoguei-me nos teus versos.
a data ao final, é a data em que o poema foi escrito e não postado né?
Sim, as datas indicadas são aquelas em que o poema foi escrito. No topo está indicada a data em que foi postado: 2008 07 26 (por exemplo).
Gostei muito da sua versão para o que eu escrevi, eu até gostaria de ter escrito assim, mais bonito. Obrigada, vou colocar junto do texto inicial, mais visível, pode né?
Claro que sim... Essas palavras são suas. Limitei-me a abrir algum espaço entre elas.
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